**Os curdos da Síria temem uma traição dos Estados Unidos sob a administração de Trump**
A luta dos curdos na Síria tem sido um tema de grande complexidade e importância na geopolítica do Oriente Médio. Os curdos, um povo sem um estado próprio, espalham-se por diversos países, incluindo Turquia, Irã, Iraque e Síria. Na última década, especialmente durante a guerra civil síria, eles conquistaram uma autonomia significativa no norte do país, estabelecendo uma administração própria e combatendo o Estado Islâmico (EI) com o apoio dos Estados Unidos.
Entretanto, as promessas de apoio dos Estados Unidos sempre foram vistas com um certo ceticismo. Sob a administração de Barack Obama, os curdos foram tratados como aliados essenciais na luta contra o EI, recebendo apoio militar e logístico. Contudo, a transição para a presidência de Donald Trump trouxe uma nova dinâmica a essa relação. Trump, conhecido por suas posturas imprevisíveis, expressou críticas abertas ao envolvimento dos EUA na Síria e à ajuda oferecida aos grupos curdos, especialmente quando isso significava antagonizar a Turquia.
A Turquia vê os curdos sírios, particularmente as Unidades de Proteção do Povo (YPG), como uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo considerado terrorista por Ancara. Essa oposição turca ao fortalecimento curdo na região gerou tensões constantes entre os EUA e a Turquia, um dos aliados mais próximos de Washington na OTAN. A situação tornou-se ainda mais crítica com a ascensão de Trump, cuja administração indicou estar aberta a renegociações nas alianças regionais.
Enquanto isso, os curdos da Síria, vendo-se em uma posição vulnerável, expressam temores de uma traição por parte dos Estados Unidos. O receio é alimentado não apenas pelas declarações de Trump, mas pela história de abandonos que o povo curdo já experimentou. Durante a Guerra do Golfo, em 1991, os curdos levantaram-se contra o regime de Saddam Hussein, esperando apoio americano que nunca se concretizou, resultando em uma repressão brutal.
Além disso, a retirada de tropas americanas do norte da Síria em 2019 sob a administração de Trump, quando os curdos foram deixados à mercê de uma ofensiva turca, consolidou essa percepção de traição. Muitos curdos acreditam que, sob a nova administração, a presença militar americana na região poderia ser novamente revista, levando a uma nova crise de segurança e à perda da autonomia conquistada a duras penas.
À medida que os curdos tentam navegar nessa complexa paisagem geopolítica, seu futuro parece incerto. A promessa de apoio dos Estados Unidos se transforma em um fio tênue, que pode se romper a qualquer momento. Para o povo curdo, a luta pela autodeterminação e pela preservação de sua identidade é uma batalha constante, que agora enfrenta novos desafios sob um cenário político volátil. O temor de uma nova traição está sempre presente, e a vigilância é essencial enquanto as alianças regionais continuam a mudar.