A Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de 34 anos, suspeito de estar envolvido no assassinato de uma cidadã brasileira grávida de 27 anos, cujo corpo foi encontrado no início desta semana numa área isolada da região de Sintra, próximo a Lisboa. A vítima, identificada como Tatiane Silva, estava desaparecida há cinco dias, o que levou à abertura de uma investigação por parte das autoridades portuguesas, em colaboração com a Embaixada do Brasil.
Desaparecimento e investigação inicial
Tatiane Silva, residente em Portugal há dois anos, foi dada como desaparecida pelo companheiro, com quem vivia na zona de Odivelas. De acordo com familiares, a jovem, que estava no terceiro trimestre de gestação, teria saído de casa na manhã de sábado para um encontro com uma amiga, mas nunca chegou ao destino. Após várias tentativas de contato sem sucesso, o companheiro alertou a polícia no domingo, dando início às diligências de busca.
As primeiras investigações revelaram que Tatiane não chegou a realizar nenhuma das atividades que tinha planejado no dia do seu desaparecimento. As autoridades, que inicialmente tratavam o caso como um desaparecimento voluntário ou acidental, começaram a suspeitar de crime após encontrarem pertences da vítima, como o telemóvel e a carteira, abandonados num parque próximo ao local onde o corpo foi encontrado.
Descoberta do corpo e autópsia
Na segunda-feira, 7 de outubro, agentes da PJ descobriram o corpo de Tatiane Silva numa área de mata, parcialmente coberto por vegetação, indicando uma tentativa de ocultação. O local, de difícil acesso, foi isolado pelas autoridades para permitir a realização de perícias técnicas e a recolha de provas que pudessem esclarecer as circunstâncias da morte.
A autópsia, realizada no Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, confirmou que Tatiane foi vítima de homicídio por estrangulamento, e o exame toxicológico revelou a presença de substâncias que podem indicar que a jovem foi sedada antes do crime. A autópsia também confirmou que o feto não resistiu ao assassinato da mãe, tornando o caso duplamente trágico.
Prisão do principal suspeito
Na sequência das investigações, que incluíram a análise de imagens de câmaras de vigilância na área onde Tatiane foi vista pela última vez, bem como o rastreamento de comunicações telefónicas, a PJ conseguiu identificar um homem que esteve com a vítima no dia do crime. O suspeito, cujos detalhes ainda não foram totalmente divulgados pelas autoridades, foi detido na noite de quarta-feira, 9 de outubro, em Lisboa. Segundo fontes da PJ, ele já teria antecedentes criminais por violência doméstica e agressões.
O suspeito, que se encontra agora em prisão preventiva, era um conhecido de Tatiane e da sua família. De acordo com informações preliminares, o homem teria mantido contato frequente com a vítima nas semanas anteriores ao crime. As autoridades não descartam a possibilidade de que o crime tenha sido motivado por questões pessoais, mas o motivo exato ainda está sob investigação.
Reação da comunidade brasileira
A morte de Tatiane Silva chocou a comunidade brasileira em Portugal, que rapidamente se mobilizou nas redes sociais para pedir justiça. Grupos de apoio à comunidade de imigrantes brasileiros, como a Associação de Brasileiros em Portugal, emitiram notas de pesar e organizaram vigílias em homenagem à jovem. A embaixada do Brasil em Lisboa também se manifestou, prestando apoio à família e trabalhando em conjunto com as autoridades portuguesas para garantir que o caso seja tratado com a devida atenção.
A mãe de Tatiane, que ainda reside no Brasil, foi informada pela polícia sobre o desfecho trágico das buscas e está em Portugal desde quarta-feira para acompanhar os procedimentos legais e realizar o traslado do corpo da filha para o Brasil. Em declarações à imprensa brasileira, a mãe da vítima expressou o seu profundo pesar pela perda da filha e do neto que estava prestes a nascer.
Violência contra mulheres em Portugal
Este caso de homicídio reacende o debate sobre a violência contra mulheres e imigrantes em Portugal, um tema que tem ganho destaque nos últimos anos, devido ao aumento dos casos reportados de agressões, assédio e homicídios. Segundo dados do Observatório de Mulheres Assassinadas, só em 2024, até ao mês de setembro, foram registados 22 homicídios de mulheres em contexto de violência de género em Portugal, um número alarmante que tem motivado diversas campanhas de sensibilização.
A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) já condenou veementemente o crime e reforçou a necessidade de medidas preventivas mais eficazes para combater a violência contra mulheres. Em nota oficial, a CIG destacou que é essencial fortalecer os mecanismos de proteção às vítimas, especialmente em contextos de vulnerabilidade, como é o caso de muitas imigrantes.
Acompanhamento jurídico e psicológico
A família de Tatiane está a receber apoio jurídico e psicológico, providenciado tanto pela Embaixada do Brasil quanto por organizações não-governamentais locais. O advogado da família afirmou que irá acompanhar de perto o desenrolar do processo judicial e que pretende exigir uma pena exemplar para o responsável pelo crime.
O suspeito deverá ser presente a um juiz de instrução criminal nos próximos dias, onde serão formalizadas as acusações. A PJ continua a investigar o caso para apurar se existem outros envolvidos ou cúmplices no crime, e se há mais informações que possam vir a público sobre as circunstâncias do homicídio.