O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu um alerta meteorológico para o agravamento das condições atmosféricas em Portugal continental a partir da tarde desta terça-feira (8 de outubro). O alerta deve-se à aproximação do ciclone Kirk, que, de acordo com previsões, trará ventos fortes, chuvas intensas e risco de inundações em várias regiões do país.
Segundo o IPMA, o ciclone, que se formou no Atlântico nos últimos dias, começou a deslocar-se em direção à Península Ibérica e deve atingir o território português com especial intensidade nas zonas costeiras a norte e centro, bem como nas regiões do interior do país. As condições meteorológicas adversas deverão manter-se ao longo de quarta e quinta-feira.
Avisos Meteorológicos Emitidos
O IPMA colocou vários distritos sob aviso laranja, o segundo mais grave na escala de alertas, devido aos ventos que poderão atingir rajadas de até 110 km/h nas zonas montanhosas e de 90 km/h nas áreas costeiras. As regiões mais afetadas incluem Porto, Braga, Viana do Castelo, Aveiro e Coimbra. Estas áreas deverão ser as primeiras a sentir os efeitos do ciclone Kirk, com previsões de ventos fortes e precipitação intensa.
Os distritos de Lisboa, Setúbal, Leiria e Santarém estão sob aviso amarelo, com a previsão de chuvas intensas que poderão causar inundações rápidas em áreas urbanas e rurais, além de um aumento significativo no caudal de rios e ribeiros. O IPMA sublinha que, além das chuvas e ventos fortes, há também a possibilidade de trovoadas, principalmente nas regiões do norte e do centro.
Efeitos do Ciclone e Medidas de Prevenção
O impacto do ciclone Kirk deverá ser sentido em todo o território continental, com uma diminuição acentuada das temperaturas e o aumento da agitação marítima. O IPMA prevê que as ondas nas zonas costeiras do norte e centro possam alcançar os cinco metros de altura, representando um risco para atividades de pesca e navegação.
Em resposta ao alerta, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) já ativou o plano de contingência para lidar com possíveis situações de emergência. Equipas de bombeiros, proteção civil e forças de segurança estão em prontidão, especialmente em áreas propensas a inundações e deslizamentos de terra.
A ANEPC aconselha a população a tomar medidas preventivas, como a limpeza de sarjetas e sistemas de escoamento, o reforço de estruturas vulneráveis, como telhados e andaimes, e a retirada de objetos soltos de varandas e quintais que possam ser arrastados pelos ventos fortes.
O comandante Duarte Costa, presidente da ANEPC, apelou ao público para que evite deslocações desnecessárias durante o pico do mau tempo e siga as instruções das autoridades locais. “Estamos a monitorizar a situação em tempo real e contamos com a colaboração de todos para minimizar os impactos deste evento meteorológico”, afirmou Costa.
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Impacto nos Transportes e Infraestruturas
As autoridades também estão a prever um impacto significativo nos transportes, com a possibilidade de interrupções em linhas ferroviárias, voos cancelados ou atrasados e bloqueios de estradas devido à queda de árvores e deslizamentos de terra. A Infraestruturas de Portugal (IP) já alertou para a possibilidade de condições perigosas nas estradas, recomendando aos condutores que adotem uma condução defensiva e reduzam a velocidade, especialmente em áreas montanhosas e com baixa visibilidade.
As companhias aéreas que operam nos principais aeroportos de Lisboa, Porto e Faro também estão a tomar medidas de precaução. Segundo um comunicado da ANA – Aeroportos de Portugal, os passageiros devem verificar o estado dos seus voos com antecedência, uma vez que são esperados cancelamentos e atrasos, principalmente nos voos domésticos e regionais.
A Marinha Portuguesa, por sua vez, emitiu um alerta para todas as embarcações que navegam ao longo da costa, recomendando o regresso aos portos e a adoção de medidas de segurança adicionais para as frotas de pesca e embarcações de lazer. Segundo a Marinha, a combinação de ventos fortes e ondas de grande altura aumenta o risco de acidentes no mar.
Impacto em Serviços e População
Várias câmaras municipais, em colaboração com os serviços de proteção civil locais, estão a preparar-se para o agravamento das condições meteorológicas, com especial atenção para áreas urbanas de maior densidade populacional e zonas rurais isoladas. Em municípios como Porto e Braga, foram disponibilizados centros de acolhimento temporário para pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente sem-abrigo e idosos que possam necessitar de abrigo durante a tempestade.
A EDP Distribuição, responsável pelo fornecimento de energia elétrica, anunciou que equipas de manutenção estão em alerta para responder rapidamente a qualquer falha no fornecimento de energia devido à queda de árvores ou à quebra de cabos elétricos. Em eventos anteriores, ventos com a intensidade prevista causaram cortes significativos no fornecimento de eletricidade em várias regiões, e a EDP recomenda que os consumidores se preparem para possíveis interrupções no serviço.
Histórico de Ciclones na Região
O ciclone Kirk é o mais recente de uma série de tempestades que têm atingido Portugal nos últimos anos. Em 2018, o furacão Leslie causou estragos consideráveis em Portugal continental, com ventos que ultrapassaram os 170 km/h e deixaram milhares de pessoas sem eletricidade. Mais recentemente, em dezembro de 2022, a tempestade Efrain trouxe inundações e ventos fortes para o país, causando prejuízos consideráveis em infraestruturas e na agricultura.
Embora os ciclones tropicais sejam raros na Europa, as alterações climáticas têm aumentado a frequência e a intensidade de fenómenos meteorológicos extremos, e os cientistas alertam que eventos como o ciclone Kirk podem tornar-se mais comuns no futuro.