A tempestade Kirk, que se abateu sobre o norte de Portugal nas últimas 48 horas, provocou graves perturbações e deixou um rastro de destruição em diversas localidades. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) emitiu alertas de laranja e vermelho para várias regiões, com ventos a ultrapassarem os 120 km/h, chuvas intensas e inundações em zonas ribeirinhas e costeiras.
Regiões mais afetadas
O distrito do Porto e a região do Minho foram as áreas mais atingidas pela passagem da tempestade, com várias freguesias e concelhos a reportarem danos significativos. Fontes oficiais dos serviços de proteção civil indicam que, até ao momento, foram registadas mais de 2.500 ocorrências relacionadas com o mau tempo. A maioria dos incidentes envolveu a queda de árvores, inundações em estradas e habitações, além de deslizamentos de terras que condicionaram a circulação em várias vias.
Em cidades como Braga, Guimarães e Viana do Castelo, os ventos fortes derrubaram postes de eletricidade e arrancaram telhados de casas e edifícios públicos. Mais de 10 mil lares ficaram sem eletricidade durante várias horas. No entanto, as autoridades locais estão a trabalhar arduamente para restaurar os serviços essenciais, e grande parte da rede elétrica já foi reposta.
Acessos ao Porto condicionados
No Porto, a tempestade também causou sérios transtornos à circulação rodoviária e ferroviária. As autoridades fecharam temporariamente alguns dos principais acessos à cidade, como a Via de Cintura Interna (VCI) e a A28, devido à presença de árvores caídas e inundações. Várias artérias da cidade ficaram submersas, o que obrigou à mobilização de equipas da Câmara Municipal para desobstruir os escoamentos e garantir a segurança dos transeuntes.
Os acessos ao Porto de Leixões também foram afetados, com a Capitania do Porto a emitir um comunicado a desaconselhar qualquer tipo de navegação durante a vigência do alerta vermelho. A entrada e saída de navios de carga foi suspensa temporariamente até que as condições meteorológicas melhorem. As previsões do IPMA indicam que o estado do mar deverá permanecer adverso nas próximas horas, com ondas que poderão atingir os 6 metros de altura.
Serviços de emergência sob pressão
Os bombeiros e serviços de emergência estiveram no terreno durante toda a noite, respondendo a centenas de chamadas de emergência. Só no distrito de Braga, foram registadas mais de 500 intervenções, com as equipas a enfrentarem dificuldades para chegar a zonas mais remotas devido a estradas cortadas por deslizamentos de terras ou inundações.
Em Esposende, uma das localidades mais afetadas pela subida do nível do rio Cávado, dezenas de moradores foram retirados das suas casas por precaução, após o rio transbordar e inundar várias zonas residenciais. Na Póvoa de Varzim, as ondas gigantes invadiram a marginal, destruindo esplanadas e causando estragos em estabelecimentos comerciais.
Prejuízos materiais e impacto económico
Ainda é cedo para calcular o impacto económico total da tempestade Kirk, mas os primeiros levantamentos apontam para prejuízos avultados, tanto no setor privado como nas infraestruturas públicas. Nas áreas urbanas, muitos estabelecimentos comerciais foram obrigados a fechar portas devido às inundações, enquanto os agricultores das zonas rurais relatam perdas significativas nas colheitas, especialmente no setor da vinicultura e fruticultura.
O Ministério da Administração Interna já está a coordenar esforços com as autarquias locais para dar resposta às necessidades mais urgentes das populações afetadas. Segundo um comunicado do ministro José Luís Carneiro, o governo está a avaliar a possibilidade de ativar fundos de emergência para apoiar a recuperação nas regiões mais afetadas.
Transporte e educação prejudicados
Além dos danos materiais, a tempestade também perturbou o funcionamento de vários serviços essenciais. As escolas em vários concelhos do norte do país, incluindo Porto, Braga e Vila Nova de Famalicão, foram encerradas por precaução, com a suspensão temporária das aulas devido à insegurança nas estradas e nas instalações escolares.
Os transportes públicos também sofreram perturbações, com várias linhas de comboio e autocarros a serem suspensas ou desviadas. No caso da Linha do Norte, que liga Lisboa ao Porto, várias ligações foram canceladas ou atrasadas devido à queda de árvores na linha férrea. A CP (Comboios de Portugal) está a trabalhar para normalizar a situação o mais rapidamente possível, mas alerta para possíveis atrasos nas próximas horas.
Autoridades apelam à cautela
As autoridades apelam à população para que mantenha a calma e siga as recomendações dos serviços de proteção civil. O IPMA continua a monitorizar a evolução da tempestade e aconselha os cidadãos a evitarem deslocações desnecessárias até que a situação melhore. A Proteção Civil sublinha a importância de evitar zonas inundadas e de prestar atenção aos comunicados oficiais, que estão a ser atualizados regularmente.
Até ao momento, não foram reportadas vítimas mortais, mas as autoridades permanecem em alerta máximo, dada a intensidade e imprevisibilidade do fenómeno meteorológico. O Comandante Nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, André Fernandes, afirmou que a prioridade agora é garantir a segurança das populações e minimizar os danos causados pela tempestade.