A Câmara Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, uma moção contra o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado. A decisão foi tomada durante a última reunião do executivo camarário, refletindo uma crescente preocupação sobre os impactos ambientais e urbanos que tal ampliação pode ter sobre a capital portuguesa. Esta medida surge numa altura em que o governo e a ANA – Aeroportos de Portugal – têm discutido alternativas para responder ao crescimento exponencial do tráfego aéreo em Lisboa, incluindo o reforço da capacidade do aeroporto da Portela.
Razões por Trás da Moção
A moção foi apresentada por vereadores de diferentes bancadas políticas e argumenta que a expansão do Aeroporto Humberto Delgado irá aumentar a pressão sobre a infraestrutura urbana de Lisboa, afetando negativamente a qualidade de vida dos residentes. Entre as preocupações destacadas, figuram o aumento do ruído, a poluição atmosférica e os impactos no trânsito, especialmente nas áreas circundantes ao aeroporto, como as freguesias de Alvalade e Olivais.
“Não podemos aceitar um aumento da capacidade do aeroporto sem considerar as consequências para a cidade e para os seus habitantes. O Aeroporto Humberto Delgado já está no limite, e um crescimento adicional irá apenas agravar problemas que já são severos”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, durante a sessão que aprovou a moção.
Além disso, a moção menciona que o aumento da capacidade do aeroporto vai de encontro aos compromissos climáticos assumidos por Portugal. O executivo camarário sublinha que Lisboa já enfrenta desafios significativos em termos de poluição e qualidade do ar, e a ampliação do tráfego aéreo pode comprometer as metas ambientais da cidade e do país.
Questões Ambientais e de Sustentabilidade
O impacto ambiental é, sem dúvida, uma das principais razões para a oposição da Câmara Municipal ao projeto de ampliação. Organizações ambientais e especialistas alertaram para o risco de agravamento da poluição atmosférica e sonora, com consequências nefastas para a saúde pública.
“A qualidade do ar em Lisboa já não é das melhores, e com o aumento da capacidade do aeroporto, corremos o risco de ultrapassar os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ruído causado pelos aviões tem impactos comprovados no aumento de doenças cardiovasculares e no bem-estar psicológico dos habitantes”, alertou Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista ZERO.
A moção também sugere que o governo explore alternativas mais sustentáveis, como a criação de um novo aeroporto em local mais afastado do centro da cidade, ou mesmo a redistribuição do tráfego aéreo para outros aeroportos regionais. No entanto, essas opções têm gerado controvérsia, com alguns especialistas a argumentarem que uma nova infraestrutura poderia demorar décadas a ser concretizada.
Impacto Urbano e na Mobilidade
Outro ponto central da moção da Câmara de Lisboa é o impacto urbano que o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado pode ter sobre a cidade. Lisboa já lida com problemas de congestionamento de tráfego em várias zonas, e a proximidade do aeroporto ao centro urbano é um fator agravante.
“A mobilidade na cidade é um desafio crescente. A ampliação do aeroporto vai trazer mais veículos para as zonas já congestionadas, especialmente durante as horas de maior tráfego. O trânsito em torno da Segunda Circular, uma das principais vias de acesso ao aeroporto, já é caótico. Este aumento de capacidade só vai piorar a situação”, alertou um dos vereadores que votou a favor da moção.
A questão da habitação também não foi ignorada. Vários bairros próximos ao aeroporto, como Alvalade e Olivais, já têm que lidar com o ruído dos aviões e com a valorização imobiliária que tende a expulsar os residentes de longa data. “A continuação do crescimento do aeroporto pode levar a uma maior pressão sobre o mercado imobiliário, tornando ainda mais difícil para as famílias manterem as suas casas em áreas já afetadas pelo turismo e pela gentrificação”, afirmou um representante da Assembleia Municipal.
Alternativas Propostas
Durante a reunião, os vereadores discutiram possíveis soluções para lidar com o aumento do tráfego aéreo, sem sobrecarregar o Aeroporto Humberto Delgado. Entre as alternativas propostas está o desenvolvimento do aeroporto complementar no Montijo, que já vinha sendo considerado pelo governo.
No entanto, a construção de um novo aeroporto no Montijo também tem enfrentado oposição de ambientalistas e de autarcas da região, que alertam para os impactos ecológicos na Reserva Natural do Estuário do Tejo e para os riscos para as aves migratórias. “O Montijo pode ser uma solução viável, mas deve ser bem estudada para evitar que cause danos irreversíveis à biodiversidade da região”, comentou Mariana Alves, ambientalista e investigadora na área de ecossistemas.
Outro ponto discutido foi a melhor distribuição de voos entre Lisboa e outros aeroportos regionais, como o Porto e Faro, além da possibilidade de modernização das infraestruturas aeroportuárias já existentes.
Próximos Passos
A moção aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa será agora enviada ao governo, à Assembleia da República e à ANA, exigindo uma reavaliação dos planos de expansão do Aeroporto Humberto Delgado. Embora a aprovação unânime represente uma posição clara por parte do município, a decisão final sobre a expansão do aeroporto está nas mãos do governo e da concessionária.
O futuro do Aeroporto Humberto Delgado continua assim a gerar debates acesos, tanto a nível local como nacional, com impactos diretos sobre o urbanismo, o ambiente e a economia de Lisboa e do país.A Câmara Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, uma moção contra o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado. A decisão foi tomada durante a última reunião do executivo camarário, refletindo uma crescente preocupação sobre os impactos ambientais e urbanos que tal ampliação pode ter sobre a capital portuguesa. Esta medida surge numa altura em que o governo e a ANA – Aeroportos de Portugal – têm discutido alternativas para responder ao crescimento exponencial do tráfego aéreo em Lisboa, incluindo o reforço da capacidade do aeroporto da Portela.
Razões por Trás da Moção
A moção foi apresentada por vereadores de diferentes bancadas políticas e argumenta que a expansão do Aeroporto Humberto Delgado irá aumentar a pressão sobre a infraestrutura urbana de Lisboa, afetando negativamente a qualidade de vida dos residentes. Entre as preocupações destacadas, figuram o aumento do ruído, a poluição atmosférica e os impactos no trânsito, especialmente nas áreas circundantes ao aeroporto, como as freguesias de Alvalade e Olivais.
“Não podemos aceitar um aumento da capacidade do aeroporto sem considerar as consequências para a cidade e para os seus habitantes. O Aeroporto Humberto Delgado já está no limite, e um crescimento adicional irá apenas agravar problemas que já são severos”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, durante a sessão que aprovou a moção.
Além disso, a moção menciona que o aumento da capacidade do aeroporto vai de encontro aos compromissos climáticos assumidos por Portugal. O executivo camarário sublinha que Lisboa já enfrenta desafios significativos em termos de poluição e qualidade do ar, e a ampliação do tráfego aéreo pode comprometer as metas ambientais da cidade e do país.
Questões Ambientais e de Sustentabilidade
O impacto ambiental é, sem dúvida, uma das principais razões para a oposição da Câmara Municipal ao projeto de ampliação. Organizações ambientais e especialistas alertaram para o risco de agravamento da poluição atmosférica e sonora, com consequências nefastas para a saúde pública.
“A qualidade do ar em Lisboa já não é das melhores, e com o aumento da capacidade do aeroporto, corremos o risco de ultrapassar os limites recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ruído causado pelos aviões tem impactos comprovados no aumento de doenças cardiovasculares e no bem-estar psicológico dos habitantes”, alertou Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista ZERO.
A moção também sugere que o governo explore alternativas mais sustentáveis, como a criação de um novo aeroporto em local mais afastado do centro da cidade, ou mesmo a redistribuição do tráfego aéreo para outros aeroportos regionais. No entanto, essas opções têm gerado controvérsia, com alguns especialistas a argumentarem que uma nova infraestrutura poderia demorar décadas a ser concretizada.
Impacto Urbano e na Mobilidade
Outro ponto central da moção da Câmara de Lisboa é o impacto urbano que o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado pode ter sobre a cidade. Lisboa já lida com problemas de congestionamento de tráfego em várias zonas, e a proximidade do aeroporto ao centro urbano é um fator agravante.
“A mobilidade na cidade é um desafio crescente. A ampliação do aeroporto vai trazer mais veículos para as zonas já congestionadas, especialmente durante as horas de maior tráfego. O trânsito em torno da Segunda Circular, uma das principais vias de acesso ao aeroporto, já é caótico. Este aumento de capacidade só vai piorar a situação”, alertou um dos vereadores que votou a favor da moção.
A questão da habitação também não foi ignorada. Vários bairros próximos ao aeroporto, como Alvalade e Olivais, já têm que lidar com o ruído dos aviões e com a valorização imobiliária que tende a expulsar os residentes de longa data. “A continuação do crescimento do aeroporto pode levar a uma maior pressão sobre o mercado imobiliário, tornando ainda mais difícil para as famílias manterem as suas casas em áreas já afetadas pelo turismo e pela gentrificação”, afirmou um representante da Assembleia Municipal.
Alternativas Propostas
Durante a reunião, os vereadores discutiram possíveis soluções para lidar com o aumento do tráfego aéreo, sem sobrecarregar o Aeroporto Humberto Delgado. Entre as alternativas propostas está o desenvolvimento do aeroporto complementar no Montijo, que já vinha sendo considerado pelo governo.
No entanto, a construção de um novo aeroporto no Montijo também tem enfrentado oposição de ambientalistas e de autarcas da região, que alertam para os impactos ecológicos na Reserva Natural do Estuário do Tejo e para os riscos para as aves migratórias. “O Montijo pode ser uma solução viável, mas deve ser bem estudada para evitar que cause danos irreversíveis à biodiversidade da região”, comentou Mariana Alves, ambientalista e investigadora na área de ecossistemas.
Outro ponto discutido foi a melhor distribuição de voos entre Lisboa e outros aeroportos regionais, como o Porto e Faro, além da possibilidade de modernização das infraestruturas aeroportuárias já existentes.
Próximos Passos
A moção aprovada pela Câmara Municipal de Lisboa será agora enviada ao governo, à Assembleia da República e à ANA, exigindo uma reavaliação dos planos de expansão do Aeroporto Humberto Delgado. Embora a aprovação unânime represente uma posição clara por parte do município, a decisão final sobre a expansão do aeroporto está nas mãos do governo e da concessionária.
O futuro do Aeroporto Humberto Delgado continua assim a gerar debates acesos, tanto a nível local como nacional, com impactos diretos sobre o urbanismo, o ambiente e a economia de Lisboa e do país.